A cirurgia bariátrica começou a ser realizada no Brasil na década de 1970 e, com o passar dos anos, o país tornou-se o segundo maior mercado do mundo, com cerca de 60 mil registros anuais, de acordo com a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica). O volume de cirurgias, neste sentido, tem aumentado progressivamente, sendo a operação recomendada para casos que vão além da obesidade grave.

De acordo com levantamento da SBCBM, nos últimos cinco anos foram realizadas mais de 310 mil cirurgias bariátricas pelos planos de saúde e pelo SUS. A procura pela cirurgia é decorrente de um cenário no qual a obesidade afeta um em cada quatro brasileiros, segundo dados da PNS-Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE. Outro estudo, realizado pelo Atlas Mundial da Obesidade em 2022, aponta que cerca de um terço da população adulta do Brasil terá obesidade até 2030.

“A cirurgia é oferecida para pacientes com obesidade grave, com IMC [Índice de Massa Corporal] acima de 40 kg/m², que já tentaram outros métodos e não obtiveram sucesso”, afirma o Dr. José Thiago Carvalho, cirurgião digestivo. Pode ser indicada também para pessoas com IMC menor, de 35 a 39.9 kg/m², quando “associada a uma doença provocada pelo excesso de peso, como hipertensão e diabetes”, completa.

A depender da técnica aplicada, a cirurgia reduz o estômago para volumes que podem variar de 30 a 150 ml, além de reduzir a área de absorção dos alimentos no intestino delgado, o que leva o paciente a perder cerca de 10% do seu peso no primeiro mês do procedimento.

Novos critérios

Há cerca de um mês, a cantora Jojo Todynho anunciou que faria a cirurgia bariátrica. Durante o programa “Domingão com Huck”, Jojo afirmou que a escolha não diminuirá sua luta contra a gordofobia e qualquer tipo de preconceito. O aviso da cantora relaciona-se com o fato de que este tipo de operação é recomendado sobretudo para pessoas obesas. No entanto, o Dr. José Thiago ressalta que a operação é indicada para outros casos. “Patologias pouco lembradas, como síndrome dos ovários policísticos, apneia do sono e doença do refluxo” são exemplos citados pelo especialista

Em 2017, o CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou o tratamento cirúrgico do diabetes tipo 2. Nos últimos cinco anos, um estudo, realizado no Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Oswaldo Cruz, acompanhou a vida de 100 pacientes, chegando à conclusão que a cirurgia bariátrica apresenta melhores resultados na perda de peso, controle da glicemia e qualidade de vida se comparado aos pacientes que tiveram acesso aos melhores tratamento clínicos. Hoje, a indicação da cirurgia metabólica é permitida para pacientes diabéticos tipo 2 com glicemia de difícil controle (uso de 3 medicações ou insulina), sendo recomendado evitar cirurgias em doentes com mais de 10 anos de evolução da doença.

Além disso, os critérios para avaliar se um paciente precisa ou não de cirurgia bariátrica estão em debate no CFM. A proposta é que qualquer paciente diabético com IMC acima de 30 kg/m² possa ser operado, independentemente do número de medicações que utiliza, sendo benéfico o procedimento.  

Cuidados

Independente do procedimento realizado, os cuidados a serem tomados no pós-operatório são os mesmos. Manter os resultados da operação a longo prazo inclui mudanças no estilo de vida. “Os pacientes devem introduzir novos comportamentos e hábitos saudáveis, o que envolve prática regular de atividade física, alimentação balanceada e uso de polivitamínicos, bem como acompanhamento e realização de exames periodicamente”, ressalta o médico.

Website: https://drjosethiago.com.br/

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