Os casos de sequestro que assolaram o país nos anos 90 e que atingiram, em sua maioria, grandes empresários, voltaram a aumentar.

As ações da polícia naquela época, como o investimento na estruturação dos departamentos antissequestros, a orientação para que as famílias não pagassem o resgate e a prisão dos líderes das quadrilhas, tornaram inviável o cometimento de novos delitos.

Mas os mais recentes Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo apontam que, de janeiro a julho deste ano, os sequestros voltaram a crescer, com aumento de 39,1% com relação ao mesmo período do ano passado.

”A pandemia do crime de sequestro voltou e a onda de casos promete ser muito maior e mais violenta que a primeira”, avisa. Lordello aponta que o gatilho para esse fenômeno foi o advento do Pix. “Essa forma de transferência bancária foi lançada em setembro de 2020, sem a devida preocupação com a segurança dos correntistas”, constata.

Com baixo custo ou com isenção de tarifas, o número de chaves Pix cadastradas já é o dobro da população brasileira, sendo que 95% delas são de pessoas físicas. “O brasileiro, de uma hora para outra, passou a ter duas manias: smartphone e Pix.  É claro que a marginalidade, sempre atenta às possibilidades de levantar dinheiro de forma ilícita, percebeu rapidamente que a retenção de vítimas era a chave para esvaziar contas bancárias alheias”, constata Lordello, que vê uma agravante com relação aos crimes da década de 1990. “Naquela época, o alvo das quadrilhas especializadas era o milionário, ou seja, a fatia da sociedade que corria risco era diminuta. Atualmente não, pois temos relatos de pessoas de classe média baixa que foram alvo das quadrilhas do Pix e permaneceram horas e até dias, mantidas em cárcere privado”.                                       

Lordello espera que a “vacina” que minimize essa pandemia de sequestros seja inventada brevemente e produzida em larga escala, mas o especialista prevê que a sociedade deverá conviver por muito tempo com esse “vírus”, que gera danos irreversíveis em contas bancárias e no emocional das vítimas e familiares. 

Nesse sentido, ele orienta que as pessoas adquiram um “celular do Pix”, exclusivo para realizar operações bancárias, que deve ser deixado no trabalho ou em casa.

 

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