São Paulo – SP 15/2/2021 – A pandemia trouxe muitas empresas e instituições para a era digital.

Como a tecnologia vem ajudando as indústrias farmacêuticas neste período de crise.

Para manterem suas atividades, empresas e outras instituições como escolas, universidades, repartições, etc., tiveram que se adaptar ao chamado “novo normal”, período assim denominado devido às medidas anteriormente mencionadas impostas por governos de todo o mundo. Portanto, a maioria das empresas e instituições passaram a executar suas atividades remotamente.

As pessoas por todo o planeta foram obrigadas a passar mais tempo em casa trabalhando, estudando e fazendo todo tipo de atividade, incluindo desde entretenimento e lazer até pedidos de serviços em geral, como pagamento de contas, alimentação, transporte, entre outras atividades do dia a dia. Essa nova rotina de confinamento tem gerado uma grande demanda digital, obrigando o setor de tecnologia a investir em novidades para proporcionar aos confinados opções de atividades durante os longos períodos de quarentena.

De acordo com informações da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, as categorias de software que tiveram maior crescimento na Europa foram as de serviços financeiros (fintech) e software empresarial, as quais têm sido usadas sobretudo por empresas. Porém, o grande destaque vai para o modelo SaaS (software como serviço), também conhecido como software que é vendido como um serviço on-line. Esse modelo inclui softwares destinados para utilizar serviços relacionados a transporte, alimento, saúde, telecomunicações, energia, moda, beleza, esporte, educação, entretenimento, etc.

De acordo com Ricardo Jacobi, diretor do departamento de Computação da Universidade de Brasília (UNB), esses softwares de serviços que apresentaram crescimento na Europa também tiveram a mesma proporção de demanda no Brasil. Segundo ele, nunca houve tanta necessidade de estar conectado à tecnologia digital como durante a pandemia da COVID-19.

“Com as pessoas mais tempo em casa, tem sido fundamental a presença da tecnologia para tudo, especialmente para solicitar serviços de alimento, transporte e entretenimento, como iFood, Uber, aplicativos de streaming em geral, entre outros”, afirma ele.

Soluções tecnológicas como combustível na corrida farmacêutica por vacinas

Enquanto outros setores da saúde têm estado batalhando na linha de frente no combate à doença, a indústria farmacêutica, com uso da tecnologia, tem investido pesado em pesquisas por tratamento ou vacinas contra a COVID-19, gerando expectativas mundiais, e, portanto, crescimento financeiro. Segundo dados da NYSE, a Bolsa de Valores de Nova Iorque, empresas como Bayer e Pfizer apresentaram crescimento positivo significativo no mercado de ações a partir de março de 2020, devido à corrida por um tratamento ou vacina para a doença.

Ainda segundo a GlobalData, a Pfizer obteve grande sucesso com o surto de coronavírus. Primeiro, a já existente vacina contra pneumonia da farmacêutica, a Prevnar 13, teve um salto inesperado nas vendas justamente quando o surto do coronavírus começou a desencadear casos graves de pneumonia, com altas taxas de mortalidade. E esse aumento de receita para a Pfizer foi largamente superado com a criação de uma vacina pioneira contra a COVID-19, em parceria com a farmacêutica alemã BioNTech, a qual foi a usada primeiro no Reino Unido, e já é utilizada em vários outros países. A corrida por uma vacina contra o coronavírus levou outras empresas farmacêuticas a investirem nesse propósito.

O especialista em soluções tecnológicas e Business Intelligence, Alexandre Guercione Bergmann, experiente em soluções para a indústria farmacêutica e que já recebeu o prêmio Lupa de Ouro por seu projeto desenvolvido para a farmacêutica Pfizer, afirma que sem a presença da tecnologia não se teria chegado às já existentes vacinas em um tempo tão curto de poucos meses. Segundo ele, o fácil acesso às tecnologias existentes da atual era digital e o investimento das empresas farmacêuticas em tecnologias inovadoras fez disparar a corrida rumo às vacinas em um tempo recorde de menos de um ano, considerando-se que o tempo normal estimado para se criar uma vacina é de 10 anos. Ele destaca que o transporte da vacina da COVID-19 é um grande desafio, não só por causa da logística envolvida na distribuição de milhões de pequenos frascos de vidro para cada lugar destinado, mas também porque as doses devem ser mantidas congeladas em temperaturas abaixo de 70º Célsius durante toda a viagem. Nos Estados Unidos, por exemplo, para garantir a entrega segura, a Pfizer juntamente com o governo e empresas de entrega tiveram que trabalhar juntos para desenvolver uma rede de dispositivos de monitoramento e sistemas de detecção.

“As inovações tecnológicas têm sido um fator-chave no desenvolvimento dessas vacinas e em todo o sistema de logística de insumos e na entrega de cada dose pelo mundo. Um sistema extremamente rápido, rastreável e confiável que apenas investimento em inovações tecnológicas poderia trazer”, afirma Bergmann.

“Esses sistemas permitem que o departamento de saúde de cada país acesse todos os cadastros de provedores, facilitando na tomada de decisões sobre para onde enviarão a vacina dentro de sua jurisdição. “, complementa ele.

Segundo Bergmann, na atual era digital, a tecnologia tem sido vista como uma mera necessidade do dia a dia, mas será vista como algo essencial para a ciência após a pandemia, informando que antes da COVID-19, apenas 1% das consultas médicas eram feitas virtualmente e esse número subiu para mais de 50% atualmente com a doença. Bergmann ainda prevê que, embora esse número deva diminuir um pouco à medida em que a pandemia diminua, as consultas por telemedicina já são uma realidade que chegou para ficar, por questões de tempo, praticidade e comodidade tanto para o médico quanto para o paciente. Entretanto, Bergmann destaca que nem todas as pessoas têm acesso a esses avanços.

“Mas há desvantagens, as quais incluem desigualdade de acesso à internet, resultando em falta de acesso à telemedicina, o que por sua vez implica em doenças não tratadas, afetando a eficácia do médico”, aponta o especialista.

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