São Paulo – SP 11/8/2020 – Para que as duas riquezas nacionais sejam garantidas, é necessário evitar sobreposição entre empreendimentos de energia eólica e rotas de aves migratórias.

A energia produzida a partir da força dos ventos ganhou força no Brasil e no mundo, sendo uma importante alternativa para reduzir o uso das fontes energéticas tradicionais.

O setor de energia desempenha um papel importante para o desenvolvimento sustentável do planeta neste século. Em um momento de transição para uma economia de baixo carbono, o principal desafio será equilibrar a demanda crescente por energia com o uso racional dos recursos naturais e a redução das emissões de gases de efeito estufa.

“Ao lado de outras energias renováveis, a energia eólica tem experimentado um forte crescimento desde meados da década de 2000 em todo o mundo, estimulado pelo forte apoio dos governos”, ressalta Vininha F. Carvalho, economista e editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).

A energia produzida a partir da força dos ventos ganhou força no Brasil e no mundo, sendo uma importante alternativa para reduzir o uso das fontes energéticas tradicionais baseadas na queima dos combustíveis fósseis, que emitem gases de efeito estufa na atmosfera e contribuem para a intensificação da mudança global do clima. O Brasil é o quarto país onde a energia eólica mais cresce, com uma capacidade instalada que pode chegar a 2024 com aproximadamente 24 mil megawatts.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) passou em 2006 a monitorar regularmente a capacidade instalada de usinas eólicas em operação comercial que, atualmente, estão espalhadas por oito estados (Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina). No momento, o ONS registra 14.975 MW de potência instalada de eólica, o que representa 9,1% da matriz elétrica.

Em 2009, o preço da energia eólica, que chegou a custar mais de US$ 57,08/MWh (US$ 1 = R$ 3,46) no início da década, despencou para US$ 39,07/MWh; atualmente, o preço está próximo ao patamar de algumas hidrelétricas. O Brasil contava com um fabricante de aero geradores em 2004 e hoje conta com cerca de dez, com mais de 100 empresas participantes da cadeia produtiva eólica, muitas delas estrangeiras.

O Brasil, até 2026, pode aumentar a participação de renováveis em sua matriz elétrica sem que isso acarrete custos significativos para a operação do sistema elétrico, cumprindo assim as diretrizes do Plano Decenal de Energia 2026. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), hoje mais de 80% da eletricidade usada no país é proveniente de fontes renováveis, porém em sua maior parte a hidráulica (68%).

Em 2035, o país pode aumentar em 68% a participação de energia eólica, solar e biomassa em sua matriz elétrica, em relação à previsão do PDE 2026, totalizando 44% da composição da matriz. Essa mudança pode ocorrer sem afetar a competitividade e a atratividade dos megawatt-hora (MWh) dessas fontes para os consumidores.

Cada brasileiro emite sete vezes menos CO2 do que um americano e três vezes menos do que um europeu ou um chinês, apesar da enorme população da China. Graças às energias renováveis, na produção de 1 MWh o setor elétrico brasileiro emite três vezes menos CO2 do que o europeu, quatro vezes menos do que o norte-americano e seis vezes menos do que o chinês.

No Brasil, onde a média de consumo de energia elétrica per capita está em 2,5 mil kWh por ano, bem abaixo dos 8,2 mil kWh por ano das nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a matriz elétrica contrasta com boa parte do mundo. Mais de 80% da geração é oriunda de fontes limpas, com ênfase para as hidrelétricas, enquanto em boa parte do mundo o carvão é o principal insumo.

Um destaque recente no Brasil tem sido o forte crescimento, apesar de já ter uma matriz limpa, da participação das energias renováveis alternativas, como a eólica, a solar e a biomassa, que já respondem por cerca de 15% da oferta elétrica interna. “Isso sinaliza que, à medida que o consumo per capita brasileiro avançar, essa expansão da demanda será atendida por fontes renováveis de energia”, enfatiza Vininha F. Carvalho.

Para Nêmora Prestes, pesquisadora da Universidade de Passo Fundo (UPF), do Projeto Charão e membro da RECN, a energia eólica representa um avanço em termos de sustentabilidade, mas, para que seja ambientalmente correta, deve ser bem planejada. “É evidente que necessitamos de opções energéticas com fontes renováveis, mas é imprescindível posicionar as usinas eólicas em locais onde seu impacto seja mínimo”, defende.

Para que as duas riquezas nacionais sejam garantidas, é necessário evitar sobreposição entre empreendimentos de energia eólica e rotas de aves migratórias. Isso porque os aerogeradores instalados perto de locais de pouso ou repouso de aves migratórias causa alteração do sucesso de sua reprodução, perturbação na migração e perda de habitat de reprodução e de alimentação. Também pode ocorrer mortalidade de aves por impacto com as pás das turbinas, pois esses animais têm o campo visual lateral e não enxergam os obstáculos à frente.

O mês de agosto vem demonstrando que será bastante favorável na geração de energia eólica. Na mesma semana, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou três recordes de geração média da energia e ontem, dia 6 de agosto, os sistemas registraram que os ventos chegaram a produzir 9.049 MW e fator de capacidade de aproximadamente 71,6%.

“Este montante é suficiente para abastecer 94,4% da demanda elétrica de todos os estados que compõem a região Nordeste. Agosto costuma ser um mês de ventos fortes. Além deste recorde, o ONS indicou que no dia dois de agosto a geração de energia eólica média foi de 8.780 MW e no dia cinco de agosto a média foi de 8.854 MW”, salienta Vininha F. Carvalho.

Website: https://www.revistaecotour.news

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