São Paulo, SP 5/11/2021 – Nosso trabalho mostra uma conexão muito clara entre a estimulação mecânica e a função imunológica

Nova pesquisa envolvendo ratos e robôs aponta ligação entre mecanoterapia e recuperação muscular acelerada. Os dados apontam que não apenas houve recuperação mais rápida, mas as fibras musculares também ficaram mais fortes nos indivíduos tratados

Muito além da finalidade relaxante, massagens e outros tipos de terapias mecânicas vêm sendo utilizadas há milhares de anos para conseguir o alívio de dores musculares e a recuperação mais rápida de lesões. Contudo, o número de estudos científicos que realmente consigam comprovar a eficácia destas práticas terapêuticas é bastante escasso.

Estudos recentes têm mostrado que o uso de forças mecânicas pode ajudar na recuperação e melhorar a função muscular em áreas lesionadas, porém o processo sobre como esses benefícios são obtidos ainda não era claramente compreendido. No entanto, um estudo realizado recentemente por pesquisadores do Instituto Wyss de Engenharia e Ciências Aplicadas de Harvard pode trazer novos esclarecimentos sobre como essa interação funciona.  Os resultados foram publicados na Science Translational Medicine em 6 de outubro de 2021.

“Muitas pessoas têm tentado estudar os efeitos benéficos da massagem terapêutica e de outras mecanoterapias no corpo, mas até agora isso não tinha sido feito de forma sistemática e reproduzível. Nosso trabalho mostra uma conexão muito clara entre a estimulação mecânica e a função imunológica”, diz o Dr. Bo Ri Seo, pós-doutorado no Wyss Institute e autor principal do estudo.

Os pesquisadores desenvolveram um sistema robótico capaz de aplicar pressão de modo preciso, controlável e mensurável nos músculos da perna de camundongos. Além disto, um ultrassom acima do músculo faz a medição da tensão do tecido com as repetidas compressões. Isto permite que as condições do estudo possam ser reproduzidas eficazmente.

Durante um período de 14 dias foi aplicada pressão de modo consistente e repetido na musculatura lesionada, com tensões musculares em torno de 10, 20 e 40% durante 5 minutos a cada intervalo de 10 a 12 horas. Os cientistas mantiveram um grupo de controle que não foi tratado, para comparação dos resultados.

Os cientistas perceberam melhorias semelhantes na regeneração da musculatura nos grupos que receberam tensão muscular de 10, 20 e 40% e então decidiram continuar o estudo com uma tensão de 20% no restante dos experimentos.

O estudo identificou que um grupo de citocinas responsáveis pelo movimento dos neutrófilos foi substancialmente reduzido nos músculos tratados a partir do terceiro dia e tiveram o palpite de que a força aplicada aos músculos espremeu os neutrófilos e citocinas para fora do tecido lesado. Os neutrófilos são células imunológicas com importante papel no processo de inflamação, mas a equipe descobriu que a presença prolongada destas células faz com que o processo inflamatório perdure por mais tempo e isto atrasa a recuperação muscular.

“Embora a resposta inflamatória seja importante para a regeneração nos estágios iniciais da cura, é igualmente importante que a inflamação seja resolvida rapidamente para permitir que os processos regenerativos sigam seu curso completo”, afirma Stephanie McNamara, Médica Doutora Ph.D estudante da Harvard Medical School e uma das coautoras do estudo.

A equipe do Dr. Seo descobriu que o terceiro dia após a lesão é o momento ideal para a retirada dos neutrófilos através da estimulação mecânica. A musculatura dos ratos que receberam estímulo mecânico mostrou maior recuperação de força do que os ratos não tratados, mostrando que a retirada precoce dos neutrófilos leva não apenas a uma recuperação mais rápida, mas que as fibras musculares também ficam mais fortes.

Perspectivas futuras

O cirurgião  ortopédico e codiretor do Cedars-Sinai Medical Center em Los Angeles, Dr. Bert Mandelbaum, não participou dos estudos mas ficou bastante empolgado com os resultados obtidos. “Foi muito empolgante ver que o músculo gravemente ferido tratado com carga compressiva não invasiva mostra resultados funcionais comparáveis ​​aos tratados com terapias baseadas em produtos biológicos encontrados em outros estudos”. Diz o Dr. Bert.

Ele também afirma que embora a pesquisa tenha sido realizada com camundongos, os resultados e a metodologia utilizada possibilitam o aprofundamento em animais maiores e seres humanos no futuro.

A massoterapeuta Isabel Cristina B. Silva acredita que o estudo possa ajudar a abrir caminho para uma maior utilização de técnicas como a massagem esportiva, principalmente pensando na recuperação muscular de atletas e praticantes de esporte em geral.

Isabel é proprietária da Ishtar Massoterapia e Depilação, empresa especializada em serviços de massagem em São Paulo e atende muitos praticantes de esportes como: corrida, ciclismo e natação. Estes atletas frequentemente apresentam lesões na musculatura que precisam de rápida recuperação para que possam participar de provas e manter-se ativos no esporte.

“Os benefícios da massagem para a recuperação muscular são sentidos no dia a dia da  prática na clínica e nas respostas positivas trazidas pelos clientes, mas existem poucas pesquisas capazes de comprovar estes benefícios e mostrar os reais ganhos para o organismo. Estudos como este contribuem para que as massagens terapêuticas possam ser cada vez mais utilizadas como uma via de tratamento não-medicamentoso”, afirma Isabel.

Outros autores do artigo incluem Benjamin Freedman, Brian Kwee, Sungmin Nam, Irene de Lázaro, Max Darnell, Jonathan Alvarez e Maxence Dellacherie do Wyss Institute e SEAS, e Herman H. Vandenburgh da Brown University.

Website: https://ishtarmassoterapia.com

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