1/10/2021 – A grande maioria acabou optando por trabalhos temporários alternativos. Infelizmente essa foi a realidade para muitos: deixar de fazer o que ama

Cobertura vacinal de mais de 42% da população brasileira e realização de eventos-testes abrem caminho para volta de shows, festas e apresentações musicais no país; DJ brasileiro que atua no exterior diz que imersão no “novo normal” se faz de forma gradativa

Os primeiros a pararem e os últimos a voltarem. Para profissionais da música e do setor de festas e eventos, tal previsão, feita ainda no início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, indicava um caminho repleto de desafios e privações até que a vacinação em massa fosse uma realidade no Brasil e no mundo. A essência do serviço prestado por estes trabalhadores, com a necessidade da presença de público para o sucesso comercial da atividade, levantava duas questões principais: como sobreviver até a reabertura dos eventos culturais? Quando esta retomada comercial, enfim, se daria?

A paralisia do mercado, de fato, pesou no bolso destes profissionais. De acordo com pesquisa realizada com trabalhadores do setor da música realizada pela UBC (União Brasileira de Compositores) em parceria com a ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), levada a cabo em julho de 2020, 86% dos entrevistados afirmaram que tiveram a renda impactada durante a atual pandemia – para 30%, a perda da renda foi total. Ainda de acordo com o levantamento, apenas 30% dos profissionais projetaram atuar exclusivamente com a música até o final de 2020.

Avaliando especificamente o setor de shows e eventos musicais, houve uma queda, em 2020, de 80% no número de espetáculos realizados no país em relação a 2019, de acordo com o Ecad (Escritório Central de Arrecadação) – foram apenas 15 mil apresentações no período, com a grande maioria realizada ainda no primeiro trimestre, antes do início da atual crise sanitária no Brasil.

O gradual avanço da vacinação completa (com duas doses ou dose única) contra a Covid-19, que nos últimos dias de setembro de 2021 chegou a cerca de 42% da população brasileira e 33% da população global, porém, tem permitido projeções da retomada de festas, shows e eventos, de pequeno, médio e grande porte. Para isso, muitas cidades no Brasil já anunciaram a adoção do chamado “passaporte da vacina”, que comprova a imunização do cidadão, lançado pelo Ministério da Saúde há menos de um mês – de acordo com a CNM (Confederação Nacional de Municípios), o documento já exigido em espaços públicos em ao menos 249 municípios brasileiros. 

Eventos-testes indicam volta gradativa das atividades

Para profissionais da música que atuam em ambientes fechados e com grande aglomeração de público, como os DJs, o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a adoção de cuidados necessários para o retorno do público para as festas são indícios de que a espera para a retomada das atividades está próxima de acontecer. Em São Paulo, onde mais de 73% da população adulta já está com o esquema vacinal completo, 30 eventos-testes foram anunciados para ocorrer entre julho e dezembro, indicando um cenário positivo para estes profissionais em 2022.

Brasileiros que atuam em cidades do exterior em que os eventos ligados ao setor cultural já foram retomados, relatam, porém, que o chamado “novo normal” – por mais seguras que sejam as condições sanitárias – não se estabelece de forma imediata. 

“As festas e eventos estão cada vez mais atingindo a capacidade máxima permitida, mas é evidente a preferência por abertos ou mais espaçosos. Como a pandemia ainda não acabou e o temor da contaminação ainda existe, o público ainda evita aglomerações”, afirma o DJ Leo Oliver, que vive em Miami, nos Estados Unidos, local onde o passaporte da vacina não é exigido em eventos realizados em locais fechados – na Flórida, onde a cidade se situa, 66% da população está totalmente imunizada.

Diversificação dos trabalhos, dentro e fora da área de atuação

O DJ relata ter vivido, no período mais crítico da atual pandemia, em 2020, a experiência de ficar por meses a fio sem poder trabalhar, semelhante a tantos outros trabalhadores da música do Brasil e de todo o mundo. “Tive que focar na produção e na divulgação de novas músicas e explorar os streamings on-line, tentando, de alguma maneira, monetizar essas apresentações”, afirma. 

O isolamento social adotado por grande parte da população durante os primeiros meses da pandemia fez com que, segundo pesquisa realizada pela plataforma de streaming Deezer com mais de 11 mil usuários, 51% escutassem mais música nesse período. Isso ajudou a impulsionar o mercado fonográfico brasileiro que, de acordo com a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), teve um crescimento de 24,5%.

“Muitos profissionais aproveitaram esse momento para se ‘enfurnar’ dentro do estúdio e produzir o máximo de novas músicas possível. Mesmo produtores de renome tentaram aproveitar que o número de streamings e plays no Spotify e YouTube aumentaram significativamente nessa pandemia”, pontua o DJ Leo Oliver. 

A volta das atividades presenciais, porém, ressalta, traz possibilidades de divulgação muito melhores. “As casas noturnas, bares, restaurantes e festivais são uma peça importantíssima na divulgação de um novo trabalho”.

Para além da possibilidade de divulgar melhor as produções musicais, o fato de poder voltar a trabalhar em festas e eventos indica o fim do improviso e da diversificação de atividades para a geração de renda. 

“A grande maioria dos profissionais que conheço, durante a pandemia, acabou optando por trabalhos temporários alternativos, como entrega de comida, trabalho de motorista, etc. Infelizmente essa foi a realidade para muitos deles: deixar de fazer o que ama para poder sustentar ou contribuir com a família”, diz.

Para muitos profissionais da música que atuam no Brasil, essa ainda é uma realidade a ser superada. Com a vacinação avançando a cada dia, porém, a expectativa é que em breve o show possa voltar. E não mais parar.

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