São Paulo 20/4/2021 – Acreditamos que colaboradores precisam ser vistos como clientes, então, empresas precisam concentrar esforços para fazer com que se conectem – Ricardo Pena.

A ideia de mapear a jornada do colaborador pode parecer incomum, mas já é possível graças à iniciativa de dois empreendedores brasileiros que desenvolveram uma ferramenta totalmente gratuita para ajudar nesse desafio.

Mesmo antes da pandemia de covid-19 impor mudanças e distanciamento físico em 2020, o mercado de trabalho já passava por uma transformação estrutural: empregados estão deixando de serem vistos como meros prestadores de serviço para assumirem cada vez mais o papel de parceiros de negócio.

A pandemia, e todas as suas consequências, veio reforçar a ideia de que a experiência humana precisa estar no centro das decisões do setor de Recursos Humanos e das contratações daqui para frente. A Global Trends 2020, pesquisa realizada pelo LinkedIn, mostrou que 94% dos profissionais da área concordam que a experiência do colaborador é muito importante para o futuro do recrutamento e da retenção de talentos.

Esse resultado não é à toa. Uma equipe satisfeita trabalha melhor e se engaja muito mais com a empresa dentro e fora das paredes corporativas. Isso significa que o colaborador acaba se tornando um embaixador natural da marca, fazendo postagens espontâneas sobre a empresa em suas redes sociais.

Esse movimento é conhecido como “ativismo do funcionário” e apresenta impacto positivo para seus locais de trabalho, dando visibilidade e defendendo seus empregadores dentro e fora das redes. Ações como essa geram muito mais engajamento do que as postagens feitas pelos canais oficiais da companhia, pois são mais autênticas e genuínas, logo, se conectam mais facilmente com as pessoas.

As empresas que investem em ações para além da oferta de bônus por desempenho, previdência privada e pacotes de benefícios saem em vantagem na corrida por um time engajado e verdadeiramente comprometido com a marca.

E o ponto de partida para saber qual caminho percorrer nesse sentido é mapear a jornada do colaborador desde o momento em que ele entra na empresa até o momento em que ele é desligado.

Segundo Sandra Pontes, gerente de Recursos Humanos, investir em ações de mapeamento da experiência do colaborador sempre irá ajudar a atrair e reter talentos. “Além das etapas que antecedem a entrada do colaborador, como o recrutamento e seleção, uma etapa crucial do mapeamento desta jornada é o onboarding. Esse é o momento em que todas as percepções do novo colaborador são construídas e ideias pré-concebidas sobre a organização são confirmadas, então, precisa ser pensado com muito cuidado e com muito foco no que se deseja atingir”, explica.

Ainda de acordo com a gestora, é fundamental que haja engajamento de todos para que a chegada do novo colaborador seja uma experiência positiva. “Ao se sentir bem recebido e acolhido, o colaborador responde com alto nível de motivação, o que provoca todo o sistema de forma muito positiva”, reforça Sandra.

A ideia de mapear a jornada do colaborador pode parecer incomum, mas já é possível graças à iniciativa de dois empreendedores brasileiros que desenvolveram uma ferramenta totalmente gratuita para ajudar nesse trabalho.

“A PeopleXperience nasceu de uma necessidade pessoal de apresentar o mapeamento da jornada do cliente de uma maneira esteticamente mais interessante do que aquelas que já existiam no mercado. O resultado foi tão bom, que resolvemos expandir para o colaborador também”, explica Ricardo Pena, executivo de pré-vendas e um dos idealizadores da plataforma.

Desenvolvida com a parceria de Bruno Gobbato, que é líder de relacionamento com o cliente da Brinquedos Estrela, a ferramenta permite que os gestores tenham a exata noção de como o colaborador se sente desde o momento em que é convocado para uma entrevista de emprego. Todas as emoções e sensações são registradas por meio de diagramas, permitindo que processos e metodologias sejam revistos e aprimorados sempre que necessários.

“Gostamos muito da metodologia Disney, que diz que ‘não é a Disney que faz com que seus colaboradores sejam incríveis, são os colaboradores incríveis que fazem a Disney ser o que ela é’. Acreditamos que o colaborador precisa ser visto como um cliente, então, as empresas precisam concentrar esforços para agradá-lo e fazer com que eles se conectem e engajem para que queiram estar ali, contribuindo para o desenvolvimento daquele negócio”, comenta Ricardo.

As estratégias para transformar colaboradores em defensores da marca são conhecidas no marketing como Employee Advocacy (Funcionário embaixador da marca, na tradução para o português) e envolve treinamentos para o bom uso do LinkedIn, além de ações que podem exigir uma mudança de cultura para algumas empresas. Isso porque um dos pontos importantes desse processo é a escuta ativa dos funcionários e o envolvimento de todos nos processos de gestão.

Essa prática mostrou-se especialmente relevante durante a pandemia. De acordo com a plataforma de trabalho freelance e remoto que reúne trabalhadores da América Latina, Workana, as mudanças impostas pelas medidas de segurança sanitária vieram para ficar e as empresas já estão se mobilizando para melhorarem a experiência de seus colaboradores em home office.

De acordo com o seu relatório anual, divulgado no final do ano passado, 35,7% das companhias entrevistas revelaram estarem dispostas a investirem em melhorias de tecnologia e conectividade dos funcionários. Outros 28,6% vão aderir a horários mais flexíveis para que haja mais equilíbrio entre vida familiar e trabalho, garantindo mais qualidade de vida para os colaboradores.

Ainda nesse sentido, há 14,3% de empregadores dispostos a oferecer soluções para funcionários com filhos e 7,1% vão melhorar servidores e equipamentos para serem usados em casa. Tudo isso para dar condições de trabalho mais seguras e atrativas para os colaboradores. De acordo com Ricardo, essas estratégias são mais do que necessárias. “Não tem como um funcionário oferecer um bom atendimento se ele não tem infraestrutura mínima, se o líder e os colegas estão sempre de mau humor”, avalia.

Segundo ele existem três pilares que fazem a experiência do colaborador evoluir: empoderamento, inspiração e capacitação. “O empoderamento diz respeito a dar autonomia para o funcionário desenvolver o seu trabalho e resolver problemas práticos do dia a dia. A inspiração é sobre ser exemplo para que os demais membros do time sigam a cultura da empresa e compartilhar as experiências de sucesso. E a capacitação é oferecer as condições necessárias para que o funcionário coloque o que aprendeu em prática”, explica o especialista.

Website: https://peoplexperience.com.br/

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