22/4/2021 –

O uso inteligente dos dados é uma ação fundamental para salvar vidas durante a pandemia.

Iniciativas ao redor do mundo utilizam dados para mobilizar a informação como estratégia no combate ao coronavírus. Tais projetos se beneficiam da rapidez com que grandes volumes de dados podem ser usados na análise de problemas e proposta de soluções.

Por exemplo, a vacina mais rápida que a comunidade científica já produziu até hoje foi a do sarampo, que levou dez anos. Em menos de dois anos de pandemia da Covid-19, já estamos vacinando ao redor do mundo, apesar das limitações impostas pela distribuição de vacinas de maneira equitativa.

Entre exemplos de iniciativas que utilizam os dados para o combate à pandemia, o projeto I-Move-Covid-19, na Europa, possui o objetivo de obter a maior quantidade de informação possível sobre a doença. Ele pretende aumentar o alcance da coleta de dados e estudos sobre eficácia de vacinas e medicamentos nos países participantes.

O I-Move-Covid-19 também conduz uma série de estudos para identificar novos casos com rapidez, além de realizar o mapeamento do genoma do coronavírus. As pesquisas já indicaram três tipos de Sars-Cov-2, com pequenas variações. Dessa forma, nos países participantes, será possível usar dados para compreender como esses subgrupos se espalham pela população e, no caso do uso de vacinas ou de um futuro antiviral, saber como cada grupo de pessoas está respondendo aos tratamentos.

Iniciativas como essa aliam tecnologia a esforços entre países na luta contra a pandemia. Mas é importante lembrar da necessidade de um manejo inteligente para ter dados que apoiem a tomada de decisão.

Os dados funcionam como indicadores vitais para que as organizações e o governo tomem decisões para conter o coronavírus. Entretanto, é preciso se atentar para a maneira como os dados são extraídos, pois isso interfere na sua posterior interpretação. Por exemplo, um país pode contabilizar o número de mortos por covid-19 a partir das pessoas que tiveram sintomas. Mas a certeza de diagnóstico só pode acontecer quando uma pessoa é testada e quando se pode determinar a causa mortis como a doença em si ou a sua combinação com outro fator. Isso é um problema que enfrentamos a nível mundial, uma vez que cada autoridade local lida com a pandemia de formas distintas.

As irregularidades nos dados podem decorrer tanto de falhas humanas quanto de sistemas automatizados, que não discernem as nuances de suas amostras. Um caso do último tipo pode ser exemplificado, como fez o site Computer Weekly, por um equipamento em smartphones que busca checar a possibilidade de febre em seus usuários, mas não consegue discernir condições de ambiente, como a temperatura, a qual gera variações nos resultados. Isso gera, por consequência, medições imprecisas.

Sendo assim, o estudo dos dados deve ser inteligente. É preciso entender o que eles significam, de onde vêm, a quem pertencem, para que estão sendo utilizados e em que contexto. Assim, tomadores de decisão podem saber se os dados que têm a seu dispor são confiáveis.

Com dados precisos e confiáveis, a tomada de decisão é mais assertiva e vidas são protegidas. Um debate antigo que volta à tona com a pandemia é o da interoperabilidade dos dados de saúde entre os diferentes atores do ecossistema. De acordo com a matéria do International Institute for Sustainable Development (IISD), é preciso encontrar maneiras de padronizar as diferentes fontes de dados, pois compartilhá-los entre os hospitais e o setor público não é fácil. Principalmente, quando o país não possui um sistema de registros centralizado, como é o caso do Brasil.

Citando outro caso de sucesso, em Taiwan, o uso de big data foi essencial no combate à pandemia. O país foi capaz de ligar dados de saúde e registros imigratórios para identificar e testar pessoas que haviam viajado à China recentemente. Assim, pode mapear indivíduos procuraram serviços médicos ou demonstraram sintomas de doenças respiratórias no período. Mas isso não foi possível em outras regiões. Em muitos países, ainda é difícil encontrar eficiência no uso de dados e promover a interconectividade entre sistemas de territórios próximos.

Outra iniciativa recente é o Covidorg, um diretório de recursos para profissionais da saúde, com o objetivo de fornecer acesso rápido e fácil à informação, respostas e experiências sobre a covid-19. Na plataforma, idealizada pelo Dr. Alain Sommer, é possível conferir registros de organizações de saúde em diversos países, ampliando o acesso ao conhecimento. No Brasil, ela é apoiada pela Plataforma Saúde, empresa que usa tecnologia para ajudar no mapeamento da saúde de indivíduos.

Apesar de o coronavírus ter acelerado a adoção de avançadas ferramentas de análise, o problema escancarou a dificuldade no acesso e qualidade de dados. Eles estão disponíveis, mas muitas vezes, inacessíveis. Isto afeta a precisão de algoritmos e a capacidade do gestor de tomar decisões melhores, com base em evidências não enviesadas. A troca de conhecimentos e informação é essencial no combate à covid-19. Com o uso de dados e a parceria entre diferentes organizações e países, iniciativas podem ser mais diligentes na execução de estratégias eficazes para lidar com a crise.

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