Assim como o mercado em geral, a indústria está sendo cobrada pelos governos, sociedade e investidores para trabalhar a questão da sustentabilidade. Um relatório do Capgemini Research Institute mostra que cerca de 80% dos consumidores tomam as suas decisões de compra de acordo com índices de responsabilidade social, inclusão e impacto ambiental de uma empresa. O estudo aponta, ainda, que 53% das pessoas não têm problemas em comprar de empresas menos conhecidas, contanto que sejam consideradas sustentáveis. 

“Por décadas considerado um dos principais vilões da sustentabilidade, o setor industrial tem compreendido cada vez mais a importância de assumir a responsabilidade em relação ao meio ambiente”, afirma Carlos Urbano, diretor de Industrial Automation na Schneider Electric Brasil. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 76,5% das indústrias do País adotam algum processo de economia circular. Segundo a instituição, isso indica que o segmento está comprometido com a agenda ambiental, tendo entre as principais práticas a otimização de processos (56,5%), o uso de insumos renováveis (37,1%) e a recuperação de recursos (24,1%).

No entanto, segundo Carlos Urbano, no Brasil, o alcance de uma operação sustentável acaba dividindo espaço com outra prioridade: a modernização da produção. “O parque industrial do País ainda não é considerado totalmente automatizado”, diz.

Segundo uma pesquisa da KPMG, 82% das grandes indústrias nacionais mantêm iniciativas relacionadas à indústria 4.0. No entanto, mais da metade (56%) dos projetos em andamento apontados como os mais relevantes pelas empresas estão em produção. Já o restante (44%) ainda está no estágio inicial. Além disso, com a pandemia acontecendo há mais de dois anos, muitas companhias têm feito cortes em investimentos, o que compromete tanto a questão de tecnologia quanto de sustentabilidade.

“Nesse sentido, acredito que vale a compreensão da ideia: a digitalização é o melhor caminho para alcançar a sustentabilidade. Mesmo que, em um primeiro momento, possa parecer muito caro, trabalhoso e que trará resultados apenas em longo prazo, avançar na modernização do parque industrial é uma peça-chave na atração de investidores e no ganho de competitividade.”

Para que as indústrias possam construir sua jornada rumo à sustentabilidade da melhor maneira possível para cada negócio, o executivo separou algumas dicas:

– Integração com cadeia de suprimentos: empresas que investem em digitalização e na construção de uma rede de fornecedores engajada na questão sustentável têm mais chances de resistir em cenários adversos (como foi o caso da pandemia). 

Além disso, passam a se diferenciar de concorrentes, tendo em vista que as mudanças climáticas e os impactos das operações no meio ambiente são crises globais e uma preocupação do mercado mundial. 

– Conhecimento sobre os negócios: para tantas mudanças, é necessário que as empresas tenham conhecimento de cada ponto forte e fraco em suas operações. Entender o que é preciso modernizar primeiro (considerando estratégias de custos e de sustentabilidade) dará origem à sequência de próximos passos.

Estabelecer planejamentos concretos e viáveis de serem colocados em prática – mas sem perder o comprometimento com o meio ambiente – também é fundamental.

– Conexões: alcançar a sustentabilidade envolve a conexão de pessoas, processos e ativos. É preciso pensar no amanhã (tanto dos negócios quanto da sociedade) e, principalmente, investir em tecnologia. 

“A indústria deve, sim, assumir sua responsabilidade nas mudanças climáticas e agir para participar ativamente na construção de um mundo melhor”, finaliza o diretor de Industrial Automation da Schneider Electric.