O número de casos de AVC (acidente vascular cerebral) tende a aumentar em dias frios. “As quedas de temperaturas podem aumentar em até 20% as chances de a pessoa sofrer um AVC. O fato ocorre porque a sensação de frio eleva a pressão arterial, uma das principais causas do problema”, alerta Dr. Gelson Koppe, médico neurorradiologista intervencionista e responsável pela equipe de Hemodinâmica do Hospital VITA, em Curitiba.

O médico explica que para manter a temperatura do corpo, os vasos sanguíneos entram em vasoconstrição, ou seja, diminuem a concentração de sangue para evitar a perda de calor, resultando no aumento da pressão arterial sistêmica e propiciando problemas vasculares.

Dr. Gelson conta que há dois tipos de AVC: o isquêmico (85% dos casos) é provocado pela obstrução dos vasos sanguíneos, e o hemorrágico (15% dos casos), ligado a quadros de hipertensão arterial que causa sangramento dentro do tecido cerebral.

O acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) é o conjunto de sintomas decorrentes da falta de irrigação em determinada área do cérebro. O órgão utiliza 20 a 30% do volume sanguíneo do organismo, caso ele esteja privado do suprimento de sangue, aproximadamente dois milhões de neurônios morrem por minuto.

Segundo o Dr. Gelson 90% dos casos podem ser evitados. “Portanto, quanto mais rápido o paciente chegar à emergência de um hospital que tenha equipe especializada para atendê-lo, maior será a possibilidade de minimizar as sequelas do AVCI. Inclusive com reversão total dos déficits”, destaca o especialista.

Em cada seis pessoas, uma corre o risco de ser acometida por AVCI. Sendo que 80% dos casos são de origem cardíaca, por fibrilação atrial ou outras doenças relacionadas ao coração. O restante dos casos são consequência do entupimento das artérias por placas de gordura (arterosclerose), ou ainda por doenças inflamatórias das paredes das artérias.

Segundo o médico, todos estão sujeitos ao AVCI, mas a predisposição aumenta no decorrer da idade, principalmente após os 55 anos e está ligada a doenças prévias como diabetes, hipertensão arterial, tabagismo (25% dos casos), alteração das gorduras (formando placas de ateromas), sedentarismo, obesidade, uso de drogas ilícitas, alterações sanguíneas hereditárias. Em menor porcentagem estão os traumas em geral.

Quanto ao AVC Hemorrágico, o Dr, Gelson explica que é quando uma artéria do cérebro se rompe e ocorre o extravasamento de sangue em meio ao tecido cerebral, ocupando, portanto, espaços não apropriados, causando muitas vezes compressão e inflamação do tecido cerebral ao seu redor.

Diagnóstico

Para fazer o diagnóstico adequado, após ser examinado pelo médico da urgência/emergência, o primeiro exame é a tomografia e angiotomografia, onde se observa se já existe uma lesão definida ou não, qual a área do cérebro afetada e o tipo de AVC.

Tratamento

O mais importante é reconhecer que a pessoa está tendo o AVC e encaminhá-la com urgência para um serviço especializado. Dr. Gelson explica que hoje o tratamento do AVC pode ser feito com medicações trombolíticas que, quando administrados via venosa podem dissolver os coágulos, mas só pode ser instituída até 4 a 5 horas do início dos sintomas pelo risco de sangramento, além de atuar melhor nos pequenos vasos sem resultados efetivos quando são artérias do cérebro de maior calibre. Ainda se pode em casos específicos, e marcadamente acima de 5 horas, por cateterismo, chegar rapidamente ao território onde está o coágulo e retirá-lo restituindo a circulação do cérebro.

Prevenção

Consultar um médico anualmente, prevenir e tratar as doenças de base como diabetes, hipertensão arterial, colesterol, não fumar e manter atividades físicas regulares são as chaves para minimizar as chances de ter um AVC. Além disso, manter o estado de hidratação, já que no frio as pessoas tendem a ingerir menos líquido, acrescenta o Dr. Gelson.

Sintomas

– Amortecimento inesperado e ou perda da força de um lado do corpo;

– Paralisia de um lado da face;

– Alteração na articulação das palavras ou dificuldade para falar;

– Perda ou alteração súbita da visão;

– Alteração no nível de consciência;

– Perda total da consciência (desmaio).

Riscos e sequelas

Dependendo da área cerebral afetada, as sequelas podem ir desde um amortecimento de um dos membros ou face, até a paralisia total de um lado do corpo incapacitando definitivamente o paciente. Quanto mais passar o tempo da hora inicial do AVC, maior são as chances de sequelas definitivas e até de morte, dependendo da área do cérebro afetada e a extensão de tecido cerebral afetada. “O reconhecimento dos sintomas e o envio do paciente o mais rápido possível a um serviço especializado é o suporte principal e a maior chance de minimizar sequelas que os familiares podem dar ao paciente”, enfatiza Dr. Gelson.

Sobre o Pronto-Socorro: destina-se ao atendimento a pacientes em estado de urgência ou emergência, com risco iminente de morte. Pessoas acidentadas, com suspeita de infarto, apendicite, derrames, fraturas, pneumonia, entre outras complicações, devem buscar atendimento ou ser encaminhadas ao PS.