Para amenizar o calor e garantir melhor conforto térmico principalmente nas cidades mais quentes do país, o ar condicionado está cada vez mais presente nos ambientes tanto das residências como dos escritórios.

Mas, para que o aparelho funcione corretamente e ter cada cômodo servido por ele com temperatura sempre agradável, é fundamental planejar a instalação elétrica.

O professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da IFC/COBRECOM, que fabrica fios e cabos elétricos de baixa tensão, explica que a escolha e o dimensionamento correto dos condutores elétricos que serão usados no circuito elétrico do aparelho são de suma importância.

“Caso contrário, poderão aparecer problemas como o aquecimento excessivo dos condutores elétricos e o consequente aumento na conta de energia elétrica, além de curtos-circuitos que poderão resultar até mesmo em incêndios”, revela Moreno.

Definição do aparelho

Para a escolha do modelo de ar-condicionado e sua respectiva potência, devem ser analisados diversos fatores, como o tamanho do ambiente (largura x comprimento x altura), tamanhos de portas e janelas, incidência da luz solar, número de pessoas que frequentam o ambiente e a quantidade de aparelhos eletrônicos.

Também é indicado que, na hora da compra, o consumidor procure empresas e equipamentos de marcas consolidadas e que tenham principalmente o Selo do Procel, que possuem alta eficiência energética, o que garante menores gastos com a conta de luz.

“Depois de definido o aparelho é hora de cuidar da instalação elétrica. Procure profissionais habilitados, como engenheiros eletricistas, para fazer o projeto elétrico do imóvel e eletricistas qualificados para a execução do trabalho. E, caso o imóvel já esteja pronto, o engenheiro eletricista deve fazer uma revisão em toda a instalação elétrica com o objetivo de prever e executar as adaptações”, aconselha o consultor técnico da IFC/COBRECOM.

Dimensionamento do circuito elétrico para o ar-condicionado

O primeiro passo é dimensionar o circuito elétrico onde o aparelho será ligado de acordo com a potência do modelo. De acordo com Hilton Moreno, a instalação elétrica que alimenta qualquer aparelho eletroeletrônico, como é o caso do ar-condicionado, sempre deve atender as prescrições da norma ABNT NBR 5410 sobre instalações elétricas de baixa tensão.

“Além disso, são vários fatores a serem considerados na instalação, como: proteção contra choques elétricos, proteção contra sobretensões, adequado dimensionamento dos circuitos (condutores, disjuntores), ligação direta ou uso de tomada de corrente, entre outros”, completa Moreno.

Escolha dos fios e cabos elétricos

Os tipos de cabos elétricos que alimentam os aparelhos de ar-condicionado, sejam de janela ou split, devem atender as prescrições da norma NBR 5410 sobre instalações elétricas de baixa tensão.

Tais cabos incluem os condutores isolados (cabos 450/750 V) e os cabos unipolares ou multipolares (0,6/1 kV), que devem ser instalados em condutos fechados (eletrodutos, eletrocalhas, entre outros) ou condutos abertos (bandejas, leitos, etc.).

“O cálculo da seção nominal dos cabos elétricos de um determinado circuito, sejam eles de aparelhos de ar-condicionado ou não, começa pela determinação da chamada “corrente de projeto”, que é função da tensão nominal da instalação à qual o aparelho será ligado (127, 220, 380 V, etc.) e da potência nominal do aparelho. Além dessa corrente, devem ainda ser considerados outros aspectos na determinação da seção nominal, como queda de tensão, sobrecarga e curto-circuito, explica o consultor técnico da IFC/COBRECOM.

Hilton Moreno ainda enfatiza que, quando a seção nominal de um cabo é inferior à seção necessária e o disjuntor que protege esse cabo está corretamente dimensionado, sempre haverá desligamento do disjuntor para evitar que o cabo sofra uma sobrecarga, que poderia resultar em aumento das perdas elétricas (e da conta de luz), além da queima do cabo e possível incêndio.

Cabos PP nunca devem ser especificados

Segundo o que está prescrito na NBR 5410, o cabo PP com tensão nominal até 750 V (geralmente oferecido na tensão 500 V) e fabricado conforme a norma ABNT NBR 247-5, não é permitido ser utilizado nas instalações fixas, que são aquelas que incluem os quadros elétricos, linhas elétricas, tomadas de corrente, luminárias, entre outros.

Além disso, as características e propriedades físicas, químicas e mecânicas dos cabos PP, são completamente diferentes das dos cabos recomendados para as instalações fixas. Também não possui propriedades antichama, que é um atributo exigido nos cabos mais comuns para uso geral nas instalações elétricas fixas.

“O cabo PP 500 V somente pode ser utilizado como condutor quando especificado e incorporado pelo fabricante ao próprio aparelho ou em extensões. Sobre esse tema, observa-se no mercado uma prática que vai contra a NBR 5410, que é a utilização de cabo PP 500 V para a ligação entre a unidade condensadora e a unidade evaporadora dos aparelhos do tipo split”, destaca Moreno.

Tomadas de uso exclusivo

A NBR 5410 estabelece que, somente nas instalações residenciais, devem ser previstos circuitos independentes (exclusivos) para alimentação de aparelhos com corrente nominal superior a 10 A.

“Dependendo da potência do ar condicionado e da tensão na qual ele é ligado, a corrente no circuito pode ser maior ou menor do que 10 A”, afirma Moreno.

Quanto à ligação do ar condicionado à instalação elétrica, ela pode ser feita por meio de tomada de corrente ou por ligação direta.

“No caso do uso de tomada de corrente, ela deve ser exclusiva para o ar- condicionado, de 10 A ou 20 A dependendo da potência e tensão do aparelho. Além disso, essa tomada não pode conter benjamins (tês), extensões, adaptadores ou qualquer outro item que não seja apenas a tomada propriamente dita”, esclarece o consultor técnico da IFC/COBRECOM.

De acordo com Hilton Moreno, quando a ligação do aparelho for direta, a preferência é pelo uso de conectores isolados, como o conector a mola ou o conector de torção.