A inadimplência bateu recorde no país, pelo segundo mês consecutivo, com 65,69 milhões. Conforme o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, feito pela Serasa, o número de devedores aumentou 0,81% em março em relação a fevereiro de 2022, patamar não visto desde o início da pandemia em abril de 2020. O valor médio da dívida por inadimplente aumentou 0,10%, chegando a R$ 4.046,31, quase quatro vezes o salário mínimo. Em relação a fevereiro, a soma das dívidas aumentou 0,91%, alcançando R$ 265,8 bilhões, ultrapassado os R$ 7,5 bilhões de registrado no pico da pandemia em 2020. 

Em termos de segmentos de mercado, as finanças dos brasileiros continuaram comprometidas com bancos e cartões de crédito, que responderam por 28,17% das dívidas de março de 2022. Em seguida, vem as contas de serviços essenciais, como água, energia e gás, com 23,21% em março e 23,2% em fevereiro de 2022. As contas de varejo estão no 3 lugar, passando de 12,40% em fevereiro para 12,62% em março.

Entre os inadimplentes, a faixa etária de 26 a 40 anos é a maior (35,2%), seguida pela faixa de 41 a 60 anos (34,9%). As mulheres (50,2%) apresentaram uma leve diferença entre os endividamentos em relação aos homens (49,8%). A demanda por financiamento e outras linhas de crédito teve alta. A contratação de empréstimo pessoal cresceu e, conforme os especialistas financeiros da Serasa, deve crescer ainda mais em 2022.

Segundo estudo da Boa Vista, a demanda por crédito ao consumidor cresceu 6% em 2021 em relação a 2020. O principal crescimento foi relacionado ao setor financeiro, que cresceu 18,1% no ano. O setor não financeiro caiu 2,2% no ano de 2021.

A pesquisa da Serasa Experian mostrou um aumento ainda maior: 19,4%. Este é o aumento mais significativo desde 2008. Os maiores aumentos de inadimplência, estão relacionados aos que ganham até 500 reais. Nesse grupo, o aumento foi de 26,9%. Entre as regiões, a distribuição acumulada de 2021 é a seguinte: Nordeste (28,7%); Norte (28,4%); Centro-Oeste (21,4%); Sudeste (17,1%) e Sul (12%).

A alta demanda do consumidor por crédito atingiu 54% do PIB em dezembro de 2021. Os dados fornecidos vêm de uma série de fatores. Um dos principais fatores é o aumento da inflação. Esse indicador é medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é de 10,06% em 2021.

Em termos de cestas básicas, os preços em todas as capitais brasileiras estavam em alta em março de 2022 em comparação entre março de 2022 e 2021, disse o Dieese. Os aumentos variaram de 11,99% a 29,44%, dependendo da cidade. Considerando que a cesta mais cara é de São Paulo, o salário mínimo para uma família de 4 pessoas deve ser de R$ 6.394,76. Esse valor é 5,28 vezes o salário mínimo em 2022, que é de R$ 1.212.

De acordo com a Pesquisa de Dívida e Inadimplência do Consumidor (Peic), o percentual de pessoas com uma ou mais dívidas em aberto atingiu 77,5% em 2022, o maior patamar da série histórica.

Olhando para 2022, a demanda por crédito aumentará. Pelo menos é o que diz o relatório da Pesquisa Febraban de Economia e Expectativas Bancárias da Federação dos Bancos do Brasil (Febraban). A alta deve ser de pelo menos 7,6%. Para 2023, a pesquisa também indicou que a expansão deve ser de 6,6%.