Aparelhos de ar-condicionado fabricados no Brasil ou trazidos do exterior deverão seguir novas diretrizes estabelecidas pela Resolução nº 1/2022, que institui um Programa de Metas para esses equipamentos. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), que publicou a Resolução, o programa tem o objetivo de estabelecer novos índices mínimos de eficiência energética para condicionadores de ar.

A partir da publicação, no início do mês de maio deste ano, uma nova metodologia deve ser adotada para o cálculo da eficiência energética, baseada na norma ISSO 16358-1, e que permite um maior número de ensaios em diferentes configurações de operação. De acordo com o Ministério, essa norma permite, pela primeira vez, a diferenciação dos equipamentos que utilizam a tecnologia de rotação variável – os equipamentos inverter – que chegam a consumir 30% menos do que os com rotação fixa, que é a tecnologia mais comum, hoje, no mercado.

A adoção de novos índices mínimos pode gerar uma economia de 67 TWh (terawatt/hora) e uma economia de recursos de R$ 12 bilhões até 2040. É o que revelou estudo realizado pelo Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética, com metodologia desenvolvida pela Universidade Federal do ABC. Além disso, a energia economizada serviria para abastecer cerca de 1,9 milhão de residências por ano até 2040 e 40 milhões de toneladas de CO2 deixarão de ser jogados na atmosfera.

Enquanto a mudança total não ocorre – uma vez que o prazo final para adoção das novas diretrizes vai até 2027 – a eficiência energética de aparelhos de ar-condicionado pode ser obtida ainda nos projetos de engenharia para implementação do sistema de climatização, especialmente em empresas e grandes consumidores de energia elétrica.

De acordo com o engenheiro mecânico Vitor Escher Martins, um dos sistemas mais utilizados atualmente é o chamado HVAC (da sigla em inglês para Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado). “Grandes indústrias, edificações e empresas de diversos segmentos adotam este sistema, que nada mais é que um processo composto pelos três mecanismos de climatização e que quando combinados, compõem uma tecnologia que proporciona conforto térmico por meio da climatização do ar proporcionada pelos equipamentos”, explica.

Martins detalha que uma das principais vantagens do sistema HVAC, composto por ventilação, aquecimento e ar-condicionado, é sua capacidade de propiciar conforto térmico, bloqueio de odores e prevenir a passagem de impurezas, além de impedir o aumento da concentração de dióxido de carbono.

Vantagens do sistema estão ligados à sua correta manutenção, explica engenheiro

O engenheiro mecânico Vitor Escher Martins enfatiza que o sistema HVAC possui boas práticas de engenharia para a climatização de ar e sua implantação em empresas é crescente. Porém, ele alerta que a falta de uma manutenção adequada pode gerar vários problemas, inviabilizando as vantagens de sua implementação.

“Com o crescimento da implementação do sistema em diversas empresas, há ainda um cenário bastante preocupante que é a desatenção e omissão no que diz respeito à manutenção preventiva do sistema, que pode gerar inúmeros problemas, como unidade condensador obstruído, ventiladores e registros bloqueados, filtros entupidos, dutos bloqueados ou com vazamento, problemas de termostato, ventilador lento, bobinas sujas, vazamento da rede frigorígenas, entre outros”, diz o profissional, que tem mais de 10 anos de experiência na área.

Ele aconselha que a implementação seja feita junto com um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC), em que se define as rotinas de inspeções e das vistorias que precisam ser realizadas periodicamente. Na falta dessa manutenção, além dos problemas citados pelo profissional, poderá ocorrer aumento do consumo de energia elétrica, elevando os custos das empresas.

“O sistema HVAC é eficiente e entrega o que promete, porém, deixar de realizar as devidas manutenções pode comprometer o desempenho dos equipamentos. O ideal é que o profissional capacitado e apto, o engenheiro mecânico, devidamente registrado no CREA (Conselho Regional de Engenharia) desenvolva, execute e vistorie o projeto de climatização de ar”, aconselha Martins.