A informação divulgada pela Petrobras, na semana passada, de que há risco de faltar diesel derivado de petróleo para abastecimento no Brasil agrava a segurança energética do país. Uma vez que as usinas de biodiesel estão com capacidade ociosa projetada para 2022 em torno de 50%, os produtores rurais, de óleo de soja e de biodiesel, além de parlamentares federais defendem que o governo avalie aumentar a mistura de biodiesel ao diesel com urgência.

Atualmente, apenas 10% desse biocombustível é acrescentado ao diesel de petróleo à venda nas bombas. A mistura é benéfica para a saúde humana, uma vez que reduz as emissões de poluentes na atmosfera.

A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), do Congresso Nacional, e os produtores defendem a elevação da mistura para 14% pelo menos. Os produtores são representados pelas entidades: ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais; APROBIO – Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil; e UBRABIO – União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene.

Segundo a FPBio, a autorização federal para aumentar a produção e a mistura de biodiesel resultaria em menor dependência de diesel importado; iria estimular a produção desse biocombustível nas 55 usinas situadas em 14 estados; iria beneficiar cerca de 74 mil famílias de agricultores familiares, que fornecem matéria-prima para as usinas.

Outro fator positivo é que a maior produção de biodiesel iria resultar em mais produção de farelo, subproduto do esmagamento de soja para fabricar o óleo. A maior oferta de farelo pode contribuir para baixar o custo da ração animal e, consequentemente, o custo da produção de carnes – de suínos, peixes, frangos e até ovos – para consumo interno e para exportação.

Os produtores alertam que o aumento da produção de biodiesel aconteceria gradualmente após a autorização do governo federal, já que não é possível multiplicar a produção no curtíssimo prazo.

O Brasil já gastou este ano US$ 3,4 bilhões para importar diesel de petróleo. Com o risco de desabastecimento, o preço do derivado deve aumentar esta conta para o governo. Com um teor de mistura de 14% de biodiesel, o país economizaria a importação de 2,5 bilhões de litros anuais. Além disso, a FPBio informa que agindo assim, o Brasil investiria na produção nacional, com consequente movimentação econômica local, em vez de financiar negócios no exterior via importação de diesel.