Acidente laboral que causa traumas diversos e pode resultar em morte é um dos principais pesadelos tanto de empregados quanto de empregadores. Infelizmente, essa foi a realidade para 423.217 pessoas que sofreram acidentes enquanto trabalhavam, no passado, em todo Brasil, com média diária de 1.159 ocorrências. Desse total, 1.694 trabalhadores não sobreviveram. Os dados são do Radar SIT Acidentes de Trabalho, do governo federal.

Dos acidentados em 2021, 133.757, ou 32% dos que se acidentaram, tiveram que se ausentar do trabalho por mais de 15 dias. Entre as situações que geraram as ocorrências, queda da pessoa com diferença de nível figurou em primeiro lugar, com 53.843 notificações. Fratura foi a principal natureza das lesões ocorridas nos acidentes.

Com mais de 10 anos de experiência nas áreas de Engenharia Ambiental e Segurança do Trabalho, Plínio Storck Gonçalves comenta que uma das causas das ocorrências de acidentes e doenças do trabalho é a falha na identificação dos perigos existentes e que poderão vir a surgir no dia a dia das atividades realizadas. Para evitar as ocorrências, na avaliação dele, as empresas precisam investir na implantação de um Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST).

“Esse sistema tem sido adotado pelas empresas privadas de modo a possibilitar o gerenciamento sistêmico dos riscos existentes no ambiente de trabalho. Neste contexto, o processo de Identificação de Perigos e Avaliação dos Riscos tem demonstrado ser uma ferramenta indispensável para a melhoria no desempenho da organização com consequente redução da quantidade e severidade dos acidentes”, atesta.

O engenheiro explica que há diversas metodologias e ferramentas para a gestão dos riscos ocupacionais. Ele salienta que a escolha e adoção das ferramentas adequadas que promovam a identificação dos perigos existentes e antecipação de novos que poderão surgir é um processo que exige conhecimento de profissionais de saúde, segurança e meio ambiente.

“É preciso que o profissional ou profissionais destacados para a tarefa possuam a capacidade de adequar as ferramentas à realidade das empresas e suas atividades”, diz. “Durante a aplicação das metodologias e ferramentas escolhidas, é crucial o envolvimento dos demais trabalhadores, principalmente os diretamente envolvidos nas atividades avaliadas e a liderança”, complementa.

Gonçalves ressalta ainda que a Norma Regulamentadora nº 01 estabelece a obrigatoriedade do gerenciamento de riscos ocupacionais e estabelece que as organizações devem possuir um Programa de Gerenciamento de Risco (PGR). A implementação desse programa passou a ser obrigatória a partir de janeiro deste ano.

“No PGR são estabelecidas as políticas e as diretrizes para a gestão dos riscos com vistas à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, considerando os fatores ergonômicos, bem como os riscos relacionados aos agentes físicos, químicos e biológicos”, conclui.

SP foi o estado que registrou mais acidentes de trabalhadores em 2021

Entre os estados brasileiros que registraram o maior número de acidentes de trabalhadores, segundo o Radar SIT, São Paulo é o campeão disparado, com 143.589 ocorrências e 410 mortes. Entre as situações que geraram os acidentes, o estado contribui com a média nacional, com queda de pessoa com diferença de nível (18.712 acidentes) em primeiro lugar, seguido de impacto de pessoa contra objeto (17.795) e impacto sofrido por pessoa (17.602).

Em segundo lugar entre os estados onde mais aconteceram acidentes está Minas Gerais, com 47.615 ocorrências, sendo 188 fatais. Em seguida, aparecem o Rio Grande do Sul, com 35.386 acidentes e 122 fatais; o Paraná, com 32.700 acidentes e 147 fatais; e Santa Catarina, com 31.421 ocorrências e 100 fatais.

O estado que menos registrou acidentes foi o Amapá, com 445 ocorrências e, entre elas, uma fatal.